Carta Pastoral 01/2025
Do Arcebispo Metropolitano de Manaus
Dom Antônio Matheus Cardeal Carneiro
Tema: "Renovar-se na Esperança daquele que Vem."

Manaus, 16 de janeiro de 2025. 

Reverendíssimos Padres e Diáconos,
Estimados fiéis desta Arquidiocese.

Em um momento especial como este, no qual nos aproximamos de um ano jubilar, somos convidados a refletir sobre a esperança que recebemos em Cristo, aquele que vem. A promessa de Deus, registrada em Jeremias, é um alento para os nossos corações: “Porque eu sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança”. Essa mensagem nos conduz a um compromisso profundo com a renovação espiritual e a confiança na providência divina.

O ano jubilar é uma ocasião de celebração e reconciliação, uma oportunidade de recomeço em nossas vidas individuais e comunitárias. Assim como Paulo escreve aos Filipenses (3, 13-14): “Esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus”. Esta passagem nos inspira a abandonar os pesos do passado e a caminhar firmemente rumo ao futuro que Deus nos prepara.

Renovar-se na esperança significa, antes de tudo, confiar que Deus está no controle de todas as coisas. Mesmo em tempos de dificuldade, é preciso crer que o Senhor nos guia com sua mão poderosa. A esperança cristã não é baseada em circunstâncias favoráveis, mas na certeza de que Deus é fiel às suas promessas. Ele não nos abandona, mas nos sustenta com sua graça.

Durante o ano jubilar, somos chamados a viver uma espiritualidade de reconciliação. Isso inclui perdoar a quem nos feriu, buscar o perdão por nossos erros e restaurar relações quebradas. A esperança na redenção de Cristo nos motiva a sermos instrumentos de paz e unidade, promovendo o Reino de Deus em nossa comunidade.

A reflexão sobre Jeremias nos leva a perceber que Deus tem planos de paz e não de mal para o seu povo. Esses planos incluem a restauração de nossa identidade como filhos amados de Deus. No ano jubilar, é essencial redescobrir essa identidade, fortalecendo nossa relação com Deus através da oração, da leitura da Palavra e da vida sacramental.

A esperança que vem de Deus também nos impulsiona a agir. Não podemos nos acomodar, esperando que as coisas mudem sem o nosso empenho. Somos chamados a ser agentes de transformação, testemunhando o amor de Cristo em nossas palavras e ações. O ano jubilar é um momento oportuno para intensificar nosso compromisso com as obras de misericórdia e com a evangelização.

O apóstolo Paulo nos desafia a esquecer as coisas que ficaram para trás e a olhar para frente. Isso requer coragem para deixar de lado ressentimentos, medos e fracassos que nos prendem. A renovação espiritual exige desapego, mas nos oferece liberdade e paz em Cristo.

No contexto do ano jubilar, é importante lembrar que a esperança também é coletiva. Como comunidade de fé, devemos nos apoiar mutuamente, compartilhando nossos fardos e celebrando juntos nossas vitórias. A unidade é um testemunho poderoso do amor de Deus ao mundo.

O ano jubilar é também um convite à gratidão. Devemos reconhecer as bênçãos que recebemos e louvar a Deus por sua fidelidade. A gratidão fortalece nossa esperança, lembrando-nos de que o mesmo Deus que nos abençoou no passado continuará a nos sustentar no futuro.

Outro aspecto essencial é a renovada dedicação à Palavra de Deus. Ela é nossa fonte de esperança e direção. Durante este tempo, encorajo cada um de vocês a aprofundar seu estudo bíblico, permitindo que a Palavra transforme seus corações e mentes.

A esperança também se manifesta em nossa capacidade de sonhar com um futuro melhor. Como nos ensina Jeremias, Deus tem planos para um futuro de paz. Devemos confiar nesses planos e trabalhar para que eles se concretizem em nossa realidade cotidiana.

O ano jubilar é um tempo de esperança renovada, mas também de responsabilidade. Cada um de nós é chamado a contribuir para o bem comum, servindo a Deus e ao próximo com alegria e generosidade.

A renovação espiritual não é um evento isolado, mas um processo. Ela exige compromisso contínuo, oração constante e abertura para a ação do Espírito Santo.

A esperança também nos ensina a esperar com paciência. Muitas vezes, os frutos do nosso trabalho e das nossas orações não são imediatos, mas Deus sempre age no tempo certo.

Como Igreja, devemos ser um farol de esperança para o mundo. Em um momento de tantas incertezas e desafios, nossa fé em Cristo deve inspirar aqueles ao nosso redor a confiar na bondade e no amor de Deus.

Durante o ano jubilar, também é importante refletir sobre nosso papel como cuidadores da criação de Deus. O cuidado com o meio ambiente é uma expressão de nossa esperança no futuro e de nosso compromisso com as gerações vindouras.

A celebração do jubileu nos lembra que Deus é um Deus de recomeços. Ele nos oferece a chance de renovar nossas vidas, nossas famílias e nossa comunidade. Aproveitemos essa oportunidade com corações gratos e esperançosos. Em nossas dificuldades e lutas diárias, não devemos esquecer que Cristo é nossa esperança viva. Ele é aquele que vem para restaurar todas as coisas, trazendo redenção e vida eterna.

Que neste ano jubilar, possamos nos renovar na esperança de que aquele que começou a boa obra em nós há de completá-la (Filipenses 1, 6). Que nossas vidas reflitam a luz de Cristo e inspirem outros a segui-lo.

Encerro esta carta com uma oração de bênção sobre cada um de vocês. Que o Deus de esperança os encha de toda alegria e paz em sua fé, para que transbordem de esperança pelo poder do Espírito Santo (Romanos 15, 13). Amém.
 
 
Ad maiorem Dei gloriam,

 ANTÔNIO MATHEUS CARDEAL CARNEIRO
Arcebispo Metropolitano de Manaus